Patrícia Sumares inaugura instalação na reitoria da UMa

É já daqui a pouco, às 19 horas, que a artista plástica madeirense Patrícia Sumares, antiga responsável pela coordenação de exposições na Galeria dos Prazeres, inaugura na Reitoria da Universidade da Madeira, ao Colégio dos Jesuítas, no Funchal, a sua instalação ‘Tu és pó, e ao pó voltarás’. Trata-se de uma obra provocadora, que questiona as relações entre arte e poder e aborda a efemeridade da vida humana e da suposta glória conquistada neste mundo. Patrícia Sumares elaborou durante cerca de um ano centenas de caras humanas que, espalhadas pelos corredores e galerias do vetusto edifício situado perto do Largo do Colégio, no Funchal, se destinam a ser destruídas, calcadas pelos pés dos visitantes… que assim transformarão a obra da artista em pó, materializando a metáfora que a mesma pretende que fique suspensa na mente do fruidor. Uma metáfora relacionada, também, com a ambição que caracteriza o ser humano e com a ânsia de obter dominação sobre os outros seres ou um lugar confortável de poder e conquista – mesmo que para tal tenha de passar por cima dos outros.

A inauguração da mostra culmina uma acção de formação que foi creditada pela Secretaria Regional da Educação e que se realizou no auditório da Reitoria da Universidade, congregando figuras gradas do panorama cultural nacional e regional, entre curadores, críticos e académicos da área da artes visuais e da história da arte, e que se prolongou por dois dias.

Este evento cultural terminará hoje, depois da exposição, com um programa social que consiste num jantar na Estalagem da Ponta do Sol. A exposição, essa, ficará sem dúvida na memória de quem a vir – e de quem hoje nela participar.

Debate sobre arte pública na reitoria da UMa antecipa mostra de Patrícia Sumares

Decorre neste momento no auditório da reitoria da Universidade da Madeira uma acção de formação cujo tema é, essencialmente, o da arte pública, antecipando a inauguração, amanhã à tarde, pelas 19 horas, da instalação ‘tu és pó, e ao pó voltarás’, da artista plástica madeirense Patrícia Sumares. A manhã de hoje foi já preenchida com intervenções de José Pedro Regatão, professor da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa e autor de livros sobre a temática da arte pública,  que realizou uma resenha histórica sobre o assunto, e de Duarte Encarnação, que se debruçou sobre a arte pública na Madeira.

Vítor Magalhães, docente da Universidade da Madeira, e a galerista Arlete Alves da Silva, discorrem neste momento no auditório situado no Colégio dos Jesuítas, no Funchal, sobre os temas da ficção e poder – dispositivos trans-narrativos da imagem e sobre a arte pública em Portugal, respectivamente. Arlere Silva aborda fundamentalmente esta questão desde o monumento perene à efemeridade da arte urbana.

A iniciativa pertence à agência Exit Artistas, de Luís Guilherme de Nóbrega.

A proposta artística de Patrícia Sumares é amplamente provocadora e ocupa vários corredores da antiga estrutura do vetusto edifício do Colégio dos Jesuítas. Inclui múltiplas faces realizadas em cerâmica, num trabalho titânico que durou mais de um ano e que, curiosamente, se destinam a ser destruídas pelos pés dos visitantes.

É um trabalho que questiona a natureza do poder, da efemeridade e da natureza frágil da própria existência, ao mesmo tempo que desafia as habituais percepções humanas de suposta importância pessoal num esquema cósmico no qual,  na realidade, as pretensões humanas são facilmente  reduzidas à sua insignificância.

Miguel Amado

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Habilitações Literárias

Nascido em Coimbra, em 1973, é licenciado em Sociologia, obteve o mestrado em curadoria de arte contemporânea no Royal College of Art, em Londres.

 

Experiência Profissional

Miguel Amado é comissário e crítico. É, atualmente, Senior Curator no Middlesbrough Institute of Modern Art (Middlesbrough, Inglaterra). Foi comissário na Tate St Ives (St Ives, Inglaterra) e, em Portugal, da Fundação PLMJ (Lisboa) e do Centro de Artes Visuais (Coimbra). Foi comissário do Pavilhão Português na Bienal de Veneza de 2013. Foi Curatorial Fellow na Rhizome no New Museum (Nova Iorque) e no Independent Curators International (Nova Iorque), bem como Curator-in-residence no Abrons Arts Center (Nova Iorque) e no International Studio & Curatorial Program (Nova Iorque). Foi comissário e co-comissário convidado de instituições como o Museu Colecção Berardo (Lisboa) e a apexart (Nova Iorque), bem como de eventos como a Frieze Projects na Frieze Art Fair (Londres) e o No Soul for Sale – A Festival of Independents na X Initiative (Nova Iorque) e na Tate Modern (Londres). Foi professor, organizador de simpósios, conferencista e membro de júris para instituições como o Istituto Europeo di Design (Veneza), o ARCO (Madrid), o Stedelijk Museum (Amesterdão) e a Fundación Botín (Santander, Espanha). Foi editor da revista W-Art. É crítico na revista Artforum e escreveu, ainda, para revistas como a Flash Art e a The Exhibitionist. Estudou no MA Curating Contemporary Art do Royal College of Art (Londres) e frequenta o MRes em Curatorial/Knowledge do Goldsmiths, University of London (Londres). Outros estudos incluem a Night School, no New Museum (Nova Iorque) e o Independent Curators International Curatorial Intensive no Ullens Center for Contemporary Art (Pequim). Galardões incluem a Grant for Arts Research da Foundation for Arts Initiatives (Nova Iorque).

 

Debate: Arte Pública e Poder

Para Uma “Arte Útil”: de John Ruskin à “Viragem Social”

Esta comunicação apresenta a expressão “arte útil”, cunhada pela artista Tania Bruguera e teorizada por, entre outros, Stephen Wright. Propõe, depois, uma eventual genealogia deste conceito balizada entre o pensamento de John Ruskin e o recente movimento artístico conhecido como “viragem social”.

A “arte útil” propõe-se contrariar a visão da “arte pela arte’, entendendo a arte como ferramenta para a mudança social. Este entendimento da arte ecoa os princípios e efeitos de projetos como “The Blue House”, de Jeanne van Heeswijk, ou “Institute for Human Activities”, de Renzo Martens.

Estes projetos analisam-se à luz da “viragem social”, uma noção que descreve o retorno a uma arte socialmente “comprometida”. Por outro lado, propõe-se uma associação entre este tipo de prática e as ideias de John Ruskin, crítico inglês do século XIX que advogada o envolvimento dos artistas em atividades quotidianas.


Vítor Magalhães

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Habilitações Literárias

Doutorado em Estética e Teoria da Arte / Comunicação Audiovisual pela Universidade de Castilha-La Mancha, Faculdade de Belas Artes de Cuenca, Departamento de Arte, com a tese: Propuestas para una Poética de la Interrupción en la imagen en movimiento (2007), sob a orientação do Professor Doutor Armando Montesinos Blanco. Estadia na Hochschule für Grafik und Buchkunst, em Leipzig, Alemanha (2001), com a duração de quatro meses, na área dos novos meios (Fachclasse de MedienKunst) dirigida pelo Professor Helmut Mark. Licenciado em Artes Plásticas/Variante Pintura pela Universidade da Madeira (1999).

 

Experiência Profissional

Professor Auxiliar na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira, desenvolvendo actividade lectiva nos cursos de Arte e Multimédia e de Design, nas áreas de Ciências da Arte, Comunicação Visual e Arte. Coordenador da área de Estudos Artísticos do Centro de Investigação em Estudos Regionais e Locais da UMa. Integra, desde 2013, a Comissão Organizadora dos Encontros Internacionais de Cinema e Território no Funchal.

 

Como artista, desenvolve actividade regular desde 2001, em diversos projectos colectivos, nas áreas de vídeo, fotografia, desenho, instalação e arte sonora. Os processos de memória; os espaços de ausência e de deriva; a acção do tempo na narrativa audiovisual; as relações entre imagem e texto e entre imagem fixa e em movimento, são alguns dos temas centrais no desenvolvimento dos projectos artísticos que tem vindo a trabalhar (http://www.v-magal.com/).

 

Debate: ARTE PÚBLICA E PODER

Ficção e Poder. Dispositivos trans-narrativos da imagem.

O cenário actual de constante impermanência e mutabilidade, reclama uma consciência reflexiva potenciada pelas formas de dilatação e de suspensão dialógica, de desvio temporal, numa aproximação em diferido à contemporaneidade. Neste sentido, podemos pensar numa noção de estrutura interruptora, enquanto dispositivo crítico-reflexivo das imagens, que usa os mecanismos narrativos para superar a lógica ilusionista e retórica destes.


José Pedro Regatão

Habilitações Literárias

Licenciado em Artes Plásticas - Escultura pela Faculdade de Belas Artes do Porto. É mestre em Teorias de Arte e doutorado em Arte Pública pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. 

 

Experiência Profissional

É professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa (IPL). É autor do livro “Arte pública e os novos desafios das intervenções no espaço urbano”. Escreveu vários ensaios sobre arte pública e é membro do Centro de Investigação e de Estudos em Belas Artes (CIEBA). De 2005 a 2009 foi bolseiro da Fundação para a Ciência e Tecnologia. 

 

Debate: Arte Pública e Poder

A Glória Efémera  

Ao longo da história, a Arte Pública tem sido um campo privilegiado de manifestação política, onde os artistas têm vindo a exprimir a sua visão da sociedade. Tal como os regimes totalitários se serviram da arte pública para efeitos de propaganda ideológica, hoje em dia ela tem sido utilizada como um meio de crítica às políticas do Estado democrático. Observe-se, por exemplo, os anti-monumentos que subvertem a necessidade auto-consagratória do poder, ou o grafitis que ridicularizam os representantes do estado e da autoridade. 

Nesta comunicação propomos uma reflexão sobre a arte pública com conteúdo político, a partir da análise de um conjunto de obras que problematizam aspectos político-sociais da sociedade contemporânea. 

 


Duarte Encarnação

Habilitações Literárias

Doutorado em Bellas Artes (2010), Programa de Artes Visuales e Intermedia, com a tese: “Expansiones del híbrido escultura / arquitectura: Cartografias de un Arch-Art como respuesta al arte público crítico”, UPV, Universidad Politécnica de Valencia - Facultad de Bellas Artes de San Carlos, Departamento de EsculturaEspecialista Universitário en “Artes Visuales e Intermedia”(2005) – Departamento de Escultura/UPV 2002 – 2004 (correspondente à fase curricular do DEA – Diploma de Estudios Avanzados). Licenciado en Bellas Artes (2001) (Licenciatura em Artes Plásticas variante em Escultura, homologada em Espanha) Título homologado pelo Ministério de Educación. Dirección General de Política Universitária, Subdirección General de Títulos y Reconocimientos de Cualificaciones

 

Experiência Profissional

Artista Visual

Actualmente exerce a docência com a categoria de Professor Auxiliar na Faculdade de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira.                                                                                       Director da Licenciatura de Arte e Multimédia

 

DEBATE: ARTE PÚBLICA E PODER 

A Arte Pública na Madeira

Pretende-se uma breve abordagem de estudo e inventário crítico/interpretativo sobre a escultura inscrita na realidade da Arte no Espaço Público local desde a implementação da autonomia política. A tónica deverá partir sobre a hipotética possibilidade de existência de uma Arte Pública no espaço insular, discutindo o binómio relacional arte/poder, tendo em conta os pressupostos do "campo expandido" e da "especificidade do lugar" (Krauss, Brea, Armajani, Maderuelo, Hal Foster, et al.) Esta comunicação iniciará questões a desenvolver futuramente no projecto de investigação em "Arte e Design no espaço público - Centro de Estudos Regionais e Locais  (CIERL), Universidade da Madeira.


Arlete Alves da Silva

Habilitações Literárias

Licenciada em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa            Curso de Língua e Literatura Alemãs na Universidade de Salzburg, Áustria.                           Frequência do Instituto Alemão e do Instituto Italiano de Lisboa.

 

Experiência Profissional

Directora das Galerias 111, Lisboa e Porto (até 2014).                                                                  Integra, desde 2006, a Comissão de Gestão do CAMB, Centro de Arte Colecção Manuel de Brito, Palácio Anjos, Algés.Comissária de todas as exposições realizadas no CAMB. Ligada desde o início à Galeria 111 de Lisboa (1964) e à Galeria Zen do Porto (1971), depois Galeria 111–Porto, participou em todas as exposições aí realizadas. Cooperou em inúmeras exposições organizadas pela Fundação Calouste Gulbenkian, CCB, Casa de Serralves, Institut Franco-Portugais, Museu de Contemporânea do Funchal, Leal Senado de Macau, entidades culturais e autarquias.

 

DEBATE: ARTE e PODER

"A Constituição Portuguesa de 1976 consagrou a democratização da arte e o municipalismo.            A cultura é uma arma do poder, quer governamental quer autárquico, mas é também um direito do cidadão que deve ter voz ativa sobre os projetos com que vai ter de conviver.                                      As obras públicas sempre tiveram uma estreita ligação a regimes, a câmaras municipais ou a partidos."                                                                                                          

                                                                                                                                Arlete Alves Silva